Minha terra, meu viver

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Química, folclore, música e Isolda.

Se me fosse dado o tempo
Eu o prenderia num balão
Como um gás ideal ou perfeito
Como o fogo em são joão
É que as vezes me falta tempo
E eu me perco na estação
Como quem perde o trem das onze
Como bailarina sozinha no salão
E eu me canso de tantas perdas
e eu me canso da desilusão
De iludida basta-me a vida
A esperar por tão-meu Tristão
Que me venha de tal sorte
Que traga com ele a dita poção
E dela me beberei fatalmente
Embriagando-me na satisfação
De perder tanto tempo na vida
Mas viver tal momento em extinção.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008


És o amor me dado como ponte
e Deus, como fortaleza...
Se longe, te quero cada vez mais perto.
Se perto, vem um pouquinho mais pra cá ainda!!!

terça-feira, 25 de novembro de 2008


Tenho comigo seis princesas do meu mundo fantástico, que ainda me sai bem melhor e mais maravilhoso do que as da Disney! Elas são, para mim, uma espécie de achado, um tesouro valioso que encontrei na vida. Mas diferente do Código Civil, não darei metade pro Estado, elas são minhas, tão minhas, que as chamo de AMIGAS!!! Sorrisos com e por elas são escancarados, saltam de mim em mais perfeita harmonia. Mesmo quando fecho meu tempo, ou o deixo nublado, elas me trazem de volta a magia da alegria. São minhas queridas, e isso já é fato, são minhas amadas, minha própria vida. Dão sentido e cor a qualquer espaço. Juntas somos sete, como não haveria de deixar de ser, porque sete é um número místico, mágico e poético. Um arco-íris humanizado, afeminado, abraçado. Um arco-íris que muita luz irradia e tantas águas desperta.
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segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Suspiro poético sem saudade

Não durma, ainda é cedo
temos lutas com suor
Somos simples passageiros
Numa estrada tão deserta
Quem vê o seu sorriso
Não calcula o coração
O vento sopra vozes
De unidades tão secretas
Há chuva em meu terreno
Há flores na plantação
Há sonhos feitos um tufão
Estancados nas paredes
Ouço a voz de tanto grito
Há estrelas na escuridão
Tenho esperança de estar contigo
Os pedaços do meu coração.

( Pouse agora, me abrace, me tente
Para o que virá, para o que vou ter
Me aperte, então, conforme me sente
No momento em que eu viver...)

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Do momento incolor

O céu está rosa e minh'alma sem tinta...
Não é nem cinza nem nada, é sem cor.
Ainda que fosse acizentada, pelo menos uma cor teria
Mas pior do que alguma cor é não ter cor alguma
Que triste, então, torna-se minha vida
Se a alma é aquário de água bendita
amparo para palavras ainda não ditas
estrume para idéias já vistas...
Sem cor não é branco nem preto
Não é sono frio nem desespero
Não é cedo nem é tarde
Sem cor é vazio, é ausência, espécie de medo
Solidão aguda ou puro devaneio
Absoluta confusão de tinta acabada
É alma descolorada,
sem vida, que seja,
sem nada.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

" Tem dias que a gente se sente
como quem partiu ou morreu
a gente estancou de repente
ou foi o mundo, então, que cresceu... "

domingo, 21 de setembro de 2008

Presente

Há um certo tom de felicidade sobre mim. Eis prova viva dela: sorrisos diversos se alternam em minha face! Eu não os controlo nem domino, eles se lançam independente no espaço. E escorrem de mim feito laços, trazendo para mais perto quem eu já não tinha. Meus sorrisos se fazem também em abraços, qualificando minha existência em verdadeira vida.
Há um sopro de paz repousando em minh'alma, sussurrando frases que outrora eu não ouvia. Uma mansidão contagia meus braços, meus pulmões, minhas pernas, minha rima. É um descanso pela inexistência de medos, uma calma pela certeza de bons desejos. Essa paz me inembria de vontade, vontade imensa de emancipá-la para outros ares.
Há uma magia diferente circundando meu ser. Atinge meu olfato, meu paladar, meu tato. Posso me deleitar com seu aroma, me purificar com seu gosto, me transceder com seu contato. Sinto e isso já me basta. Como se os mares navegados d'antes não significassem nada do que eu ainda terei de navegar. Nem a água do passado não é mais a mesma a me banhar, pois o rio nunca é o mesmo (Heráclito). E o mar, então, não poderia ser diferente, é sempre água nova e presente.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Do Inesperado.

Do tom séquito,
vem-me o abraço ardente
Salta-me o sorriso poroso
o olhar de ditoso
a mansidão de repente

Congela meu tempo, e o céu
mostra-se mais sutilmente
solta-se um brilho fogoso
um timbre estrondoso
um cantar envolvente

Do som trépido,
vem-me a manhã claramente
sopra-me um vento mimoso
um soar majestoso
uma inspiração tão contente

Tempera meu gelo, e o mar
torna-se em onda corrente
sela-se um azul melindroso
um arco-íris de gozo
uma água em torrente.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A um ausente

Com o tempo, a gente acaba por se acostumar com a presença. Daí, acomoda-se e deixa-se de dizer, recorrentemente, às pessoas que nos são especiais o quanto elas o são. Só no dia em que a ausência faz-se presente, é que se enxerga o vazio e o desperdício dos dias outrora preenchidos.
Com a ausência, não consigo me acostumar. Ela insiste latejando, doendo, machucando. E a dor torna-se pungente e constante e crescente com o passar dos dias, até chegar um que seque a lágrima aflita, só restando a lembrança de bons momentos idos. A esse fenômeno, tão cruel e tão comum, é que resolveram chamar Saudade.
E deve ser isso, então, o que eu sinto agora:
Infinita vontade inebriada de melancolia, por estar tão longe de mim quem eu tanto gostaria...

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

De outrora

Gosto do frio preso nas mãos
de cantar e de ser cantada
de ter e fazer uma canção
de abraçar e ser abraçada.

Gosto do sopro sussurador
do olhar soslaio disfarçado
de inventar um mau entendedor
de ouvir tantas vezes meu amado.

Gosto da voz silenciada no beijo
do afago inembriante, surpreso
- E eu quis tanto amor superar!

Gosto dos laços que se tornam dedos
do murmurar de promessas, do ensejo
- Amo, agora, quem não pode voltar.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Baby, I'm so alone

Correm-me os rios, os vales, coisas demais
Suspirando os navios, as flores e os capinzais
Estado sombrio quem mora é a cura acesa
Que invade o vazio, a morte e a destreza
No espaço sadio, me invade o tom tristeza
No mesmo arrepio que sai da madrugada ilesa
O meu desvario é a arte do inimigo cortante
A voz do esguio me vem como a da exasperante
Soam-me os pios, os farfalhos de gestos, amém
O grito doentio é o mesmo que me cega também
Ralam-me os vidros de acorde e timbre esfumaçante
Rompe-me o estio, o galho, a sombra do alcance
Desfaz-se o pavio da queima árdua no instante
Com resvalos de cera, de febre e também de sangue
Universo tardio de calma, ninguém consome
A porta que me abriu é, de certo, a que tem fome.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Todo o vazio do caminho
Descaminho meu espaço
Estilhaço de um abraço
Fragmentos de um moinho
Entre os sopros d'um passado
E um cálice d'um espinho
Carrego beijos como quem leva talos
Trago desejos como quem traz destinos
Na prece cantada de amor ardente
Encantada de voz palpitante
Tu me falas de coisas perenes
e eu te falo de coisas distantes
Dou-me como rosa bruta fechada à tardinha
e tu me véns como água d'um chafariz alvitrante.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

De tão imenso desejo, a verdade.

[A inspiração me soprou como um passo de dança solto no ar... Eu pensei ser um vento o que a brisa não se deixou mostrar.]



As linhas tortas se desentortam com o passar de tudo.
Passa um sorriso, uma noite, um deleite profundo. Passam as tardes, caminham meus dias, nossos dias se resvalam num passo seguro.
O que me era indecisão, veio à tona com impacto. Frustrei minhas pretensões de tentar comandar meu espaço.
O tempo mostrou-se fortuito, e a música um estalo.
Tantos dias, tantos momentos, o que era incerto se acertou.
Descobri uma canção repentina tão linda e de tanta cor, com acordes simpáticos e melodia simplista, mas de tão puro teor. A espontaneidade tornou-se viva, e a canção um redentor.
Para tão envolvente dedicação, tão verdadeiro lamento.
Por todas as frases, poemas, versos, eu nunca os esqueço. Por toda a magia, a cumplicidade e a simpatia, eu te agradeço. Por todo o encanto, o suspiro e o beijo, eu guardo tudo no peito.
Não negarei nenhum segundo de felicidade, nem meus momentos de saudade, nem inquietações ou insuficiências...
Nossos dias serão pra sempre consagrados, nossos passos eternamente já fincados, mas a brisa torna-se extrema.
Eu pensava ser vento o que outrora me soprou, porque era leve e macio, abordava-me com amor.
Sentia um repentino frio toda vez que se mostrava, mas minha mão, que era trêmula ou vazia, já não suava.
Então, veio-me em surdina:

Não sou vento, eu sou brisa;
Não sou caminho, sou uma passagem;
Não sou deveras o que te faltavas
Mas sou tão graciosa quanto o que já te cabes;
Não sou árvore, mas tenho vida
A mansidão do teu nome toma minha face
Por isso me mostro tão digna, de tão puro encanto, de tão eterna vontade
Porque sou eu a voz linda dos teus sonhos
que te lês e te dedicas versos e vaidade
Mas que por vezes erram o meu nome
Então, queira me chamar, por obséquio, AMIZADE.


Assim, encerro minha participação em tão verdadeiro sentimento, parecia ofusco no começo, mas revelou sua tipagem real. Ele surge com palavras ao vento, faz-se em movimento, mas foi sopro ideal.
Idealizei uma vida, uma tarde, um dia... Mas o concreto me segurou.
Descobri um inédito capítulo do meu eu, mas que não se encontra nos braços teus.



terça-feira, 3 de junho de 2008

Elisa



Parou na minha janela e fez-se rosa
cantou e recitou como se fosse prosa
Sentou na calçadinha com a saia errada
cruzou as pernas tortas como a macharada

Subiu no patamar como tivesse calças
Rodou a baiana como fosse mágica
Ficou na retaguarda como quem se guarda
Mas não cala e também não fala

Ela sobe e desce sem esforço
Ela abre os olhos e não pisca o olho
Ela vai e vem na avenida
Ela canta e toca e não desafina

Menina, quase fico do seu lado
Pego sua mão e te faço agrado
Só para aprender essa tua ginga
Que encanta a todos e me desatina

O seu silêncio me faz cantar
Essa sua voz me faz calar
é a sua música contra a minha
Eu me desconcentro quando você caminha

O vento lambe os cabelos longos
Ela disfarça o charme atônito
Conversa sempre e paralisa
Quando ela passa, o mundo não gira

De saia evasê e blusa rendada
Ela bebe água como quem trabalha
Seu passo largo se firma crônico
Suas mãos precedem o desejo indoneo


sábado, 31 de maio de 2008

O Negro no Mundo dos Brancos

O mito existente, no Brasil, é que vivemos numa democracia racial . Mito puro. O que se vive aqui é a tolerância racial, com todos os seus vícios e elogios.
Democracia pressupõe igualdade social, política e econômica, o que não é observado na nação brasileira. Pelo contrário, a miséria no Brasil tem cor! A maioria da população pobre e marginalizada da sociedade é negra ou mulata. O mito de uma suposta democracia racial no Brasil é estabelecido quando se pretende comparar o racismo brasileiro com o racismo norte-americano. Sob essa égide, o Brasil ganha uma conotação puritana, por não haver, em solo brasileiro, uma segregação racial tão objetiva, exposta e normatizada. Aqui, racismo é crime, e isso dá a falsa impressão da inexistencia do preconceito.
A análise criteriosa da sociedade expõe nosso constragimento: a existência de um racismo forte e assistemático no nosso País. Dese a época da escravatura, os negros e os mulatos têm funções sociais secundárias e submissas. A abolição não teve seu efeito devido no âmbito socioeconômico. Não houve políticas de inserção social dos ex-escravos e nenhuma outra política pública que lhes assegurassem a dignidade e a vida. De lá pra cá, os negros e os mulatos compuseram a maioria da população pobre.
Percebe-se, assim, que o racismo daqui apresenta-se de maneira camuflada, mas pode ser tão violento quanto o dos EUA. No entanto, é apreciável que a segregação aqui não seja juridica, porém não é o bastante. A democracia racial só será alcançada quando a miséria for rompida de modo geral, quando os negros e os mulatos tomarem mais consciência da sua devida função nessa causa e se engajarem mais nessa questão e quando o racismo não mais existir no meio social de forma camuflada e disfarçada, quando a isonomia se fizer absoluta.



fundamentado no livro de Florestan Fernades

quinta-feira, 29 de maio de 2008

A Formiga e a Cigarra


Canta,
que meu silêncio agora chora
minha canção em ti vigora
e meu olhar marca tua arte.

Canta,
pois minh'alma agora traduz
meu inverno aspira tua luz
e minha janela reflete tua face.

Canta,
que um dia de sol pra ti é pouco
que um mês de chuva te deixa louco
que um minuto de paz te torna mate.

Canta,
pois um sopro na nuva é contento
pois um beijo na mão é relento
pois um sorriso forte é disfarce.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Senhora do Desterro

"Tenho andado distraído
impaciente, indeciso
E ainda estou confuso
só que agora é diferente..."



Fale-me suas estórias
eu te mostro flores e quintais
Fale-me de glórias
eu te mostro canaviais
Fale-me, ela implora
resguardo minhas limas e laranjais
Da areia branca que fui embora
restaram-me as margens de um segredo
restaram-me as lembranças de uma dança
o caracol de cachicol e realejo
Da fina flor de uma criança
restaram-me gargalhadas dum desespero
galopadas no campo de ardor
e memórias distantes de arremesso
Volta agora tudo num centrífugo
De dentro pra fora esparrama pelos dedos
Da egressa me vem o tamanho da saudade
Da alma giratória volta em constância os medos
Fale-me das portas
eu abro meus segredos
Fale-me das derrotas
eu revelo os brinquedos
Fale-me das rodas
e eu te apresento o desterro.

sábado, 17 de maio de 2008

Arrependimento

Eu amanheço como um arco-íris de ontem, na noite frida e cálida e sem medos.
Ouço gritos,mas não sei de onde. Tenho martírios e devaneios.
Um menino disse ontem o meu nome,disse pegando nos meus cabelos.
E o vento,inconstante fiel, deu voltas da cabeça ao tornozelo.
Supri dias, desenhei flores, ensaiei diálogos...monólogos declarados.
Mas me diz o que é o sufoco? E eu,realmente, te mostro alguém que não quer te acompanhar.
Quantas mais vezes fui procurar no lugar errado, sem pressa e sem espera.
Coragem para amar? E andar sem pra baixo olhar.
Só mais uma vez,e eu faria meus dias voltarem...
Roda mundo, roda gigante, roda menino, roda peão
Roda a alma e o corpo inteiro, roda vida, roda viva
Por vezes não sei o que eu faço,
mas aceito a condiçao.

sábado, 15 de março de 2008

Ai dor, ai dor
que estranha presença a vossa
Dê-me licença, não bata à porta
Deixai-me só com o meu silêncio...

sábado, 8 de março de 2008



-Amanheceram em outubro, manhãs sem chuvas, sem leis
Uma imagem que nos remeteu ao infortúnio
O fim de tudo ou o fim do mês?
Sequei minhas lágrimas sob o sol
Acompanhando a tua sublimação
E hoje és para mim mais que uma memória
Continua presente em meu coração
E eu não poderia deixar de pensar em ti
Se quantas vezes chorei para te ver
Se nas tardes era contigo que eu estava
Se nas noites era contigo que eu ficava
E como poderia não te sentir?
Se todos os meus dias foram despertados ao teu lado
Se toda a minha infância desenrolou-se ao teu lado
Se no teu colo tinha pedaços de mim...


E já nos foram dias... Dias...
Quantas horas que não foram esquecidas? Quantas preces foram ditas?
Quantos abraços foram dados?
Quantos soluços disfarçados?
Eu ainda não entendo, mas aceito...
Aceito que cada manhã é um início

Que tuas dores agora não vigoram
Que tua paz é o teu regozijo
Aceito que o teu sorriso esteja imperando no Paraíso
Que tuas mãos ainda afagam teus filhos
Que tua voz não exprime mais gritos
Aceito que teu olhar esteja mais vivo
Mais nítido
Mais invisível...
Aceito que teu peito esteja mais descansado
Tuas pernas mais aliviadas
Teu corpo mais despertado
Tua alma mais renovada
E como poderia não poder sorrir?
Se pude estar contigo incontáveis vezes
Se às tardes eu arrumava-me para ver-te
Se na minha meninice era a ti que eu buscava
Se minha vida foi toda ao teu lado
Se meus primeiros versos foram por ti corrigidos
Se meus primeiros versos foram por ti ouvidos
Se minha ultima poesia foi por ti esperada
Ano Novo que se tornou velho
Mas continua severo em minha mente:
Tu deitadas no sofá da frente
Falando palavras a principio sem sentido
E eu nem sabia que era um ultimo aviso
Minha rosa de ouro, minha flor encantada!!!

segunda-feira, 3 de março de 2008

Deitou-me na rocha e fez-se cinza
A carne crua e cruel apontou-me o devaneio
Das pétalas da flor se fez a saudade
E dos botões de girassóis, o medo
Na abrasiva cor de minhas fontes
e do notável som dos meus cabelos
Saiu intrépido o vociferar do teu nome
E o murmúrio do acalanto do teu beijo
Ai quem me dera ousadia e perturbar-te
Na cantoria que me faz teu céu
Eu te cubro de amor e de poesia
Amanhecendo no silencio infiél
Onde as escamas se tornam vazias
E o âmago é um vento de cor
Eu me despedaço no jardim de ambrosia
E tu te refaz no esplêndido incolor