Minha terra, meu viver

terça-feira, 3 de junho de 2008

Elisa



Parou na minha janela e fez-se rosa
cantou e recitou como se fosse prosa
Sentou na calçadinha com a saia errada
cruzou as pernas tortas como a macharada

Subiu no patamar como tivesse calças
Rodou a baiana como fosse mágica
Ficou na retaguarda como quem se guarda
Mas não cala e também não fala

Ela sobe e desce sem esforço
Ela abre os olhos e não pisca o olho
Ela vai e vem na avenida
Ela canta e toca e não desafina

Menina, quase fico do seu lado
Pego sua mão e te faço agrado
Só para aprender essa tua ginga
Que encanta a todos e me desatina

O seu silêncio me faz cantar
Essa sua voz me faz calar
é a sua música contra a minha
Eu me desconcentro quando você caminha

O vento lambe os cabelos longos
Ela disfarça o charme atônito
Conversa sempre e paralisa
Quando ela passa, o mundo não gira

De saia evasê e blusa rendada
Ela bebe água como quem trabalha
Seu passo largo se firma crônico
Suas mãos precedem o desejo indoneo


Um comentário:

  1. Nossa , mas que figurinha mais interesante. heim?
    Cheia de dons e paradoxos.
    adorei.

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