Minha terra, meu viver

domingo, 24 de outubro de 2010

Santa Psycodelia

Eu nem sabia se alguém me lia
eu nem sabia que as visitas aconteciam no escuro
No escuro, pensava, tudo dorme
E era assim que estava meu blog..no escuro
Dormindo feito um anjinho
Tão quietinho, tão reservado
Mas existe os tais dos atalhos
E as pessoas nos acessam infinitamente
Ora, o que se tem aqui são mais que palavras digitadas
o que há aqui são criações que meus dedos não acompanham
O que tenho aqui, meus caros, faz parte dessa minha vida
E não cabe a ninguém fazê-la uma sentença
Então, pois, a publicidade me é, definitivamente, dispensável.


Eis o recado.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eleições



"O Congresso Nacional é um local que: 

se gradear vira zoológico, 

se murar vira presídio, 

se colocar uma lona em cima vira circo, 

se colocar lanternas vermelhas


vira prostíbulo 


e se der descarga não sobra ninguém." 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Quino


"Num mundo tão pobre de pão e espírito!" [R.C.]

O retorno da Rosa

Sentei ao lado dela sem muita escolha.
Era a cadeira que tinha vazia bem na frente...o que eu queria mesmo era sentar na frente, ficava melhor de olhar a rua.
A rua era um todo aberto. Mentira minha, digo aberto porque era assim que a via, como se tudo o mais que nela estivesse aos meus olhos não existisse.
Dia vazio desses. Sem tanto motivo para se estar triste, mas se está.Bem na verdade, motivos eu sempre tenho, desde que minha Rosa me deixou.
Ela partiu há 5 anos e até hoje dói-me com a mesma infinitude.
O sol batia no meu rosto, e assim cedinho pela manhã, eu até gosto que ele assim o faça.
Fico me sentindo mais viva, sabe? Sensação estranha e bucólica, mas muito agradável para mim.
Fiquei lá sentadinha.Paradinha. Mas olhos, cabeça e coração não param. Que coisa!
Fitei logo logo o livreto da mão dela. Ora, nada mais que 'Liturgia Diária'. E eu não conheço?
Costumava ler os de minha Rosa todo santo dia, quando ela deitava após o almoço.
Leitura gostosa de cada tarde, como se eu descobrisse o segredo dela, porque para mim só ela sabia qual a oração adequada para determinado dia.
Boba minha Rosa, eu também o sabia, havia encontrado aquele livreto já a algum tempo na gavetinha da estante. Claro que não revelei. Queria bem mais manter aquele costume de ela me ler e eu ouvir.
Minha fé se fez assim: Eu acreditando que temos de valorizar quem a gente ama realmente.
Quando digo valorizar, digo viver essas pessoas, vivê-las como elas nos são. E sermos verdadeiras com ela.
Boba mesma era eu, e sempre fui, que não quis dizê-la que já conhecia seu segredo, já havia encontrado o livreto. Ela foi achando que eu nunca o havia feito..e não os deixou comigo! Ora, eu havia mentido para ela!
Minha Rosa não queria quebrar o encanto. Fico agora no sentimento dúbio: queria os livros como lembrança ou deixá-la ir acreditando que eu fiquei na magia?
Por 5 anos, pensei que viver na magia seria melhor..esse, de fato, teria sido o melhor caminho.
Entretanto, naquela manhã de sol, sentada naquele ônibus, quando o vi novamente, meu coração saltou.
As lágrimas me vieram prontamente também:
" A senhora pode ler alguma passagem para mim?"
A mulher deu-me o livro e pediu que eu ficasse com ele, porque hoje ela havia me escolhido.
"Este agora é seu, vai e lê com esta fé que te pulsa agora, como se um anjo te falasse cada palavra".

- Meu Deus tão bondoso, como não crê em Ti, que tanto me ilumina e me dá sinais reais de que Tua luz é a minha luz? Tão mais boba eu seria se não Te enxergasse, se em Ti não vivesse, se tão em Ti não fosse feliz.
Oh, meu Senhor, cada dia desses me revela que o caminho seguido é, de fato, o Teu.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Trevo

Há, pelo menos, dois caminhos. Não importam quais sejam, como estão dispostos. Mas garanto bem que eles existem. E se existem, como podes não me escolher?

Disseste outro dia que era o único, tua alternativa, pois, que estavas fadada a me amar... Se bem soubesses o que é amar, minha cara, não me terias deixado com tão poucos olhos, com tão poucos lábios, com tão pouca emoção.

Será que tu sabes, ao certo, o que é contar os dias? Conta mesmo com uma vida inteira? Quantos anos te daria? Tenho minhas dúvidas agora quanto a ti...De fato, julguei-te cedo demais.


Agora, com menos afago e empolgação dos primeiros dias, posso ler-te tão mais sem medo. E o que vejo, senão uma menina, a imaturidade que te escorrega pelos dedos. E eu não seria tão homem se contigo continuasse. Se contigo me firmasse. Se em ti me fizesse. Se tão em ti eu somente fosse.


...


De agora, que não mais sinto, não mais finjo e tudo o mais, guardo ainda aquele espelho que achei na prateleira. E o que está esquecido embaixo? Advinha... Tua foto e o teu bilhete: "volto em 20 dias".

Tu não aprendes, Amélia, tão menos agora eu te queria? Tu te complicas. Tão insana és tu, que segues caminho diverso do meu, mas que, todas às vezes, voltas, retornas com mala aprumada nas mãos. Quem te contou que eu não reagiria? Quem, meu Deus, quem?
Quem te imputou tamanha carência? Quem, Senhor, quem?

Já me desfiz dos dias, Amélia, que tão-somente chorei por não te ter.. E tu sabes, então, como estou agora?
A um passo de totalmente enlouquecer!

Por isso, minha santa, volta. Volta, retorna para estes braços que são teus. Tão-teus. Se parei de chorar quando partistes, acredite, desespero-me ainda mais sem lágrimas. Retorna, minha dádiva, volta-me, senão quem não volta sou eu.

domingo, 1 de agosto de 2010

Epifanias


E se cá estou com meus botões, tão sozinha estaria...
Revirando as gavetas do armário encontro duas folhas de papel almaço
Rabiscos tortos com letrinhas tremidas.
Na época da escola eu lá sabia o que era Poesia!

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Alice

Chá, baralho, boneca de pano...Seria bem mais que uma carta qualquer, como essas de selo vermelho. Bem mais verdade seria se dissesse um tanto do que aqui se passa. Já é tarde. E os cachorros já dormem com seus gemidos. Os gatos já não mais ficam no telhado, e as ruas se desentortam na madrugada.
São apenas vozes. Em outros tempos, eu teria medo, teria receio, devaneio e tudo o mais. Mas agora com essa descoberta de outro dia, tenho mais é curiosidade.
E que venha, que nos venha, qualquer forma de ser, sentir ou Amar.
Que nos venha a queda da Bastilha, ou outra Cruzada ou mais uma vida.
Venha, e nós já saberemos onde pôr nossas mãos.
Venha, sozinho ou eternamente. Mas se vier, venha tão-somente porque quer.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Beleza




De um tal jeito
que nem há mais parâmetro para medir
ou comparar...
Se fico só, me estranho
Com os outros, escondo.

O que fazem os outros quando não estão aqui?

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Girassóis

Se deram ao luxo de falar: "mas o que ele fazia uma hora daquela num túnel?"
Andando de skate, uai!!!
Quem nunca foi jovem suficiente para gostar de ficar até tarde no meio da rua?
Que nunca gostou de sair com amigos e fazer coisas tão-somente de amigos?
Todo grupo tem suas modinhas, seus jeitinhos, suas formas de ser, de agir, de se divertir...
E agora a gente vira refém do medo?
A questão não é o preço que temos de pagar para ir ver o sol ou a lua da calçada.. A questão é a insegurança.
Ou até mesmo a impunidade.
Ou até mesmo a violência.
Ou até mesmo a política.
E entraríamos nos velhos méritos já tão debatidos, desde um período tão colonial e ainda  tão latejantes aqui dentro de nós..e fora de nós!
Num mundo que não importa se estamos em túneis INTERDITADOS ou em escolas INFANTIS, porque a morte chega e alcança de maneira brutal.
E agora, por causa de uns tantos que não sabem brincar, sorrir ou viver, os outros querem nos prender dentro de nós...jamais fora de nós!
E paramos onde assim?? Nesse desatino de hoje do egoísmo e da destruição, em que não se fala mais em respeito e negócio de cooperação virou assunto há muito superado.
Poxa, quanto me revolta tudo isso!!!!
Para que tudo isso??? E se a gente se mata assim, como viver até lá?
Assustados? Esperando chegar nossa vez?
Cá, desligo a TV, há dias não sonho direito... Preciso desligar do mundo para poder viver?
Porque assim não tá dando.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

E amarei quantas vezes for preciso

Na noite seguinte, abriu-se o chão
De onde saia tanta voz?
De onde vinha tanta água?
Me inundei em lágrimas..e o choro era medroso
medo de nunca mais parar....


Suei todo o calor de uma vida em um segundo. Medo maior não se teve. Não se viu. Sonhei tormentos. Na verdade, sequer dormi. Chorei. Chorei tantas vezes foram precisas. Calei. Silenciei eternamente numa tarde infinita. E me curei de todo o mal, de toda a dor, de qualquer angústia ou sinal de melancolia.
Sempre forte, sempre constante. Rezo por coragem e sabedoria. 
Que me vales falar de Amor e não praticá-lo?
Pratiquei na sua face mais íntima, mais distinta: perdoar.
De tão sofrido lamento, restou-me a mansidão. Mansidão dos meus dias mais dificeis. Mansidão de minhas noites mais precisas, mais necessitadas. Mansidão que todos levam a vida inteira para aprendê-la... E que eu a obtive em um único dia.
Com a dor, a gente se torna mais forte, mais constante, mais sereno, pois.
Com a dor não me distanciarei do que decidi ser a vida toda, do que eu decidi lutar e acreditar a vida toda: 
no Amor.
Nele acredito. Nele confio.
Ainda que me leve dias e dias para levantar.
 Mas a cada queda me torno melhor.
Porque o que me cai são partes que já não interessam mais.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Raimundinha

'5 fios de cabelos me desceram pelas mãos.
Batizei o olhar de 'abre-porta'. Até lá, pensamento balão.
O que fitei foi  uma rosa rosa. Tão rosa ela. Bonita ela.
Mãe, ela já me vem andando.
Caminhando. Que bonita!!!
Mãe, ela me reconhece, me abraça, me faz suas modinhas.
Ai, Mãe, que alívio todo, medo tolo, noite boa
Era só isso que eu queria ver.
Tudo isso que eu desejava ter
Esta noite, minha vida não poderia ser melhor.

sábado, 5 de junho de 2010

Novelo

Eu bem que poderia agora conquistar o mundo.
Dar um salto profundo
Ou poderia muito bem só ficar...
Passar a noite, o dia, quem sabe?
Não há quem sabe
Não há quem cabe
É toda forma louca de Amar
Como pode tantas formas? Tantos jeitos? Tantos versos?
Versões e frases jamais lidas, jamais vistas
No meu peito, bateu a velha angústia
Saudade de quem já foi na vida
Vontade de ser quem não é ainda
Ainda
E serei tanto mais quando nunca pude ser
E terei tanto mais quanto nunca pude ter
E estarei talvez pronta, sem coração verde
Sem sentimentalismos...
Eu não durmo, só levanto
E a cada queda, um pedaço de ti também cai de mim
E a cada 'não', em mim se firma a negação
Silencio
Porque há mais sabedoria no silêncio que em tortuosos gritos.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

É assim mesmo...tem dias que estamos vazios de tudo.
Vazios até do que não temos.
Vazios de pensamentos e de vontades.
Vazios por ter tanto em nós e tão poucos dedos para esparramar.
Vazios por ter um tempo tão relativo.
...

Hoje, não me encontro.
Não me encontrem.
Há vazio demais em mim, posso não preencher nem mesmo um olhar.

sábado, 24 de abril de 2010

Sedução

-Era você! Do outro lado da rua, fitando sentimentalmente os carros, com aquela cara de agonia de quem quer atravessar a qualquer custo, ou não, de quem quer que tudo pare: "Parem o mundo, me deixem descer". Essa era sua frase preferida, em maio de 68. Em maio de 68, eu nem te tinha ainda, nem te conhecia, não sabia que já tinha esse nome, esses olhos, essas ideias. E já devia ter tanta ideia.... Ideia de como ia ser o mundo, a vida, o destino daqui a 20, 30, 40 anos, sei lá. Você sempre sabe de tanta coisa, sabe de tanto sobre o mundo. Tem uma visão tão linda de mundo, que qualquer agonia para ti é pouco. Pouquíssimo te diria, se te tivesse aqui, do meu lado da rua, do teu lado da cama, do teu braço ao lado do meu... É tão ruim te ver aí, agoniante, inquietante, na verdade. Com esses mesmos olhos estampados e o mesmo sorriso delirante. Ainda que nem me veja, sinto-te me fitar. E o nervosisimo me toma só em saber que naquele lugar respiro o ar que outrora foi tão  teu. Como eu.


Mas isso também foi outrora.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ciranda

Eu tampouco despertei nestes dias
Dias de dissipação
Que me vale mesmo é uma tarde vazia
Só por hoje, ao menos
Dispensaria a inquietação
A inquietude de meus dias
Por um dia só sem aflição
Não gosto mesmo da agonia
Mas na calma também não vivo
Desfio
Tanta linha emaranhada
Na minha saia não tem botão
só tem um fio solto dos meus cabelos
que me descem aos dedos
e se desenrolam no meu chão
Coração tinindo
É tanto Amor
que não me cabe ainda...
Ainda.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Encomienda

ItálicoSem um tanto de carência..te amei por vários dias, vários meses e um tanto de anos.
Eu poderia muito bem me reconstruir, mas em ti me desfaço, de tal forma e de uma tal sorte que me desconheço.
Nem mesmo pisco sem ter teus olhos, tampouco mordo sem ter teus lábios.
Meus punhos cerram se em ti desperto, se em ti toco, se em ti vivo.
Sobrevivo, com essa doença insana e infantil... É o tal do verbo TER!
Ter tanto que em mim nada sobra, se me desfizer do vazio...desfio.
Um novelo de lã com cores apagadas. E eu que já fui tão colorida.
E eu que já tive tanta linha.
Repouso na sombra de quem me deixa em saudade.
Da vida, eu bem que merecia um certo tempo...
Um tempo de estalo, de suspiro. Um palmo.
Uma palmada para aprender.
Ora, eu lá preciso disso. Tudo isso é enlouquecer!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

À mão armada

Do momento fraco que em mim devora
Toda a coragem e a independência dos meus
Na verdade, em mim nada sobra
Apenas meu corpo vivo...
Todos: "Graças a Deus".