Minha terra, meu viver

domingo, 29 de novembro de 2009

A cada giro
abre os braços
desfaz o cansaço
não mais sinto
A cada sorriso
vem mais rápido
um só estalo
já nem finjo
o frio de ontem
que em mim tinha
não se parece em mais nada contigo
De outra porta
vejo a fronteira
da efemeridade e do destino
Mas se me vem tão sorrateira
verdade essa que não mais minto
terminaria minha tarde ligeira
num manhã toda de inevitavel domingo.

sábado, 21 de novembro de 2009

Dias tais

Se tu, meu bem, bem me soubesse, abraçaria-me demasiadamente sem perguntar se tenho frio ou sequer febre...Se bem soubesse, não carecia nem falar.
Eu só contei trinta e cinco gotas, desde a hora do beijo à hora do pesar. Foram segundos silenciosos e tardios, cujo arrepio não me faz conta de contar.
Do instante exato que a porta abriu, seguiu a fio o teu doce ressonar. Do momento inexato que me despiu, senti o frio das tuas mãos ao me abraçar.
Já não careço sequer de fome para poder me alimentar. O que era dor não mais consome quem outrora ousou tanto lhe despertar.
Da janela falha de minha parede, o vento entra sem dobrar. Das minhas mãos, imensa deixa, deixo tua vida para em mim enfeitiçar.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Só não se esqueça de que o Amor é de vidro
que alguns sorrisos que te dão são de cera...

domingo, 15 de novembro de 2009

De dois em um

O que há em nós?
O que fazemos de nós?
Se somos dois tão ruim separados
Se somos um perfeitamente complementados
Se uma mão fica tão vazia sem a outra para pegar...

O que há em nós?
O que fazemos de nós?
Se nos meus braços só você quem me cabe
Se dos nossos laços não há quem nos desate
Se Deus me deu uma vida para te encontrar

Mas não sou só eu
Nem é só você
É um tal de nós, tão ruim separados
É um tanto de nós, com tanto Amor guardado
E é só um pouco de nós que quer desencontrar

Mas de tão pouquinho,
de tanto Amor sentido
Não é possível ter tanta força o mínimo
Não é possível tão-pouco tão-grande Amor não superar


quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Matina, rotina

é como um sonho bom
acordo, tardo,ardo
mas se me levanto
como um pulo de um só tom
estico, sorrio, arrepio...
e a vida me vem como um dom,
um certo Dom.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

De um dia

Santo meu, que carrega minha fonte e minhas asas
Sinto um tanto de encanto com tua fronte
Mas se me pintas como um rosto em alvorada
Eu te sinto como um rio de uma ponte
Porque em minha mãos trago ligeiras espadas
e em meus pés trago pedaços de contos
em minha voz, trago o grito e a poesia
em minh'alma trago suspiros de dificil lida...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

A Nádia Brito.

Não vivo a esperas de milagres, mas trago comigo uma contínua crença na humanidade.
A água cai no sertão. Chuva do céu. Lágrima do coração.
Rimo como quem necessita de alguma melodia, quando lá fora só se ouve gritos.
é o som que emana agora.
Sonhos, planos, desejos, amores... quanta coisa interrompida em segundos.
Num tiro, a cabeça cheia de ideias desflorece.
Num tiro, as pernas cheias de força se esmoronam.
Num tiro, o corpo cheio de vida esmorece.
"Estudava História, era uma boa menina, líder, talentosa...Teria um futuro maravilhoso, sem dúvidas"
E agora? Pra onde vai tanta glória?
E os sorrisos já dados, perdem-se no espaço, na memória de quem viu um dia?
A morte não me amedronta, não me entristece, não me apavora.
O que me destrói e me desanima é a violência que a traz.
Era só uma menina, assim como tantas outras que andam por aí magistrais.
O medo não foi vencido, senhor presidente. Ainda nos ronda feito bandido.
Aliás, é de bandido mesmo que a gente fala. Bandido é todo aquele que rouba um bem nosso.
Bandido, pois, aquele que, com um tiro, roubou toda uma vida que era pra ser e não foi.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Amar e Mudar as Coisas

Sempre acreditei na transformação. Na nossa capacidade suprema de se refazer.
Não somos planárias nem esponjas. Somos humanos.
Como tais, animais especiais.
Residimos em nós o dom da racionalidade.
Dom, álibi, trunfo..como queiram.
Pensar e saber que pensa. Eis a razão!
Não temos um reino exclusivo, tampouco fugimos da seleção natural.
Mas é a tal razão nossa competência, nosso cálice de vida e de desenvolvimento.
Por isso, nunca é nunca quando falamos de gente.
Gente que muda, que se renova, que se trasforma.
Gente que se apercebe da fluidez do tempo e das relações humanas.
Gente que se conscientiza de sua missão e de sua significância.
Gente que faz, que acredita e que constrói.
Seguindo por caminhos competitivos, lógicos e concretos.
Em que todos pensam também, e fazem suas armadilhas.
Projetar nova trilha, continuar na ativa, apesar dos embargos.
Gosto muito do povo que crê na vida, que se engrandece com a decência, que constrói com o trabalho.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Depois do medo, o bocejo.

Faria como o outro poeta em falar só de Amor, ou só da terra, ou só de dor...
Só é o singular. É o uno. É o solitário.
Não sou assim nem sou de Marte. Sou pluri,multi,poli..tenho minhas partes.
Tenho também as tuas.
Metade de mim é parte tua. A outra, partitura.
Cantos de amor em carne viva. Latentes,delirantes,recorrentes.
Aprendi que cada célula é uma nota.
Cada som uma bossa. Só depende do poeta que escutar.
E ainda que poeta não seja, vale menos um verso na mesa
Do que dois a declamar.
Pois na voz mora a paixão, a clemência, o refrão.
Na minha voz mora teu nome.
Enquanto tu, no coração.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Do Amor.


"Eu não te amo como um topázio ou uma rosa de sal
Ou como as flechas de cravo lançadas nas chamas
Eu te amo como certos mistérios devem ser:
Entre as sombras e a alma.

Eu te amo sem saber de quando, ou como, ou de onde
Eu te amo, simplesmente,
sem complicações ou orgulho
Então, eu te amo assim
Porque não conheço outra maneira

Tão perto, que tua mão no meu peito é a minha mão
Tão perto, que quando fechas os olhos, eu adormeço".

sábado, 14 de fevereiro de 2009

O Dia Depois de Ontem

Últimos dias tumultuados... dúvidas, medo, aflição.
Minha vida tem sido uma infinitude de agonias, mas que agora descansam em minhas mãos.
Corre-me pelas palmas o sangue ausentado. Sangue de hemácias doces, plasma cativo.
Sangue de vida, ou do que poderia ser uma vida.
Sangue de minhas veias, veneta, estranha...
A vida às vezes parece um filme. Tudo se define em poucos segundos.
"Um minuto para o fim do mundo, toda a sua vida em sessenta segundos"
todo mundo ouve umas dessas um dia...
Mas já que vem o Carnaval. A calma é substituida pelo entusiasmo,pela euforia.
E qualquer coisa é bem melhor do que eu sentia..qualquer coisa, até mesmo esta tarde infinita.
Agora,sim, é tarde. Não mais três nem cinco. Mas é tarde. De tarde, as folhas dormem, os filhos crescem, os pássaros voltam. De tarde, a gente deita, a mãe reza, o pingo corre. De tarde, vejo ainda laranjeiras, vejo ainda bananeiras, e a vida já não me é mais tão besta, meu Deus!!!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Não são cinco da tarde, tampouco três... E não estou nada solene nem poética.
Estou só. Sozinha com minhas adagas de tristeza.
Quando ouvirem falar de Amor, lembrarão, consequentemente, de mim.
Lembrarão as palavras apaixonadas que de mim brotaram.
Mas agora, neste momento de nostalgia, meu mundo chora. Chora como uma criança aflita que nem mesmo conhece Israel ou Palestina.
Meu mundo chora, e meu amor ainda está nele. Meus amores ainda sobrevivem.
Todos estão vivos, físicos, presentes. Comigo mesmo, está só eu. Sozinha.
Sem palavras ou gestos que em mim repousem. Sem compreensão ou orgulho.
Só. Como a mansidão de uma tarde sem companhia. Como a loucura da solidão de um dia.
Tenho amigos, namorado e família. E nenhum abraço foi me dado hoje.
Nenhum telefonema, nehuma mensagem, nenhuma voz...
Minha voz. Motivo de tanta tristeza no meu ultimo dia. A falta dela, na verdade.
O que me faz calar diante do meu mundo? Eu não sei. Eu juro.
Perder o Amor por falta de palavras... "Então, não é Amor!"
"O Amor é muito paciente e bondoso, nunca é invejoso ou ciumento,
nunca é presunçoso nem orgulhoso, nunca é arrogante nem egoísta, tampouco rude".
Mas o silêncio incomoda, aflige, enfraquece.
E meu coração sofre. Não há forças em mim agora. Não luto, não reajo, e sinto que perco, a cada dia, perco o que eu chamo de 'Meu Amor'.
Tão pouco ele entende de mim. Não me sabe ler, ou me ignora de vez.
E tanto que eu também o queria ouvir.
Só queria não estar só.
Queria somente que ele tivesse a mesma reação quando da minha ausência.
Queria a segurança de ser tão amada como minha doação.
Queria..uma infinitude de bem-querer. Mas tão finito me parece os abraços em mim dados.
Doados, pois.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Dom Quixote

"Sonhar, mas um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacácvel
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar o inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar este mundo
Cravar este chão
Não me importa saber se é terrível demais
Quantas guerras terei de vencer por um pouco de paz?
E amnhã se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Irão saber que valeu delirar
E morrer de paixão
Assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão."


(ao som de M.Betânia)